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Ruben Figueiró de Oliveira

Delenda Mercosul

A ideia de integração econômica, social e política dos países da América Latina vem de longe, talvez desde Simon Bolivar, nos primórdios do século XIX. Entretanto, a ideia tomou vulto não há muito, quando dela abraçaram, especificamente aqui no Brasil, lideres como André Franco Montoro (este sem o poder de mando) e o então presidente José Sarney, que contando com o apoio entusiasta de Raúl Alfonsin, presidente da Argentina, conseguiram reunir num bloco Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Daí nasceu o Mercosul cujo propósito era o de promover a identidade aduaneira entre tais países e, que através de uma intensa ação política, proporcionasse o desenvolvimento harmônico das respectivas economias como supedâneo de uma ativa justiça social e restabelecimento pleno da democracia como sistema político em cada estado membro. Os esforços iniciais indicavam que o Mercosul teria uma expressão econômica e política capaz de agregar aos demais países da América Latina e mesmo do Caribe, excetuando o México por suas ligações tradicionais e profundas com a América do Norte (Estados Unidos e Canadá). Chegou-se até a pensar em um entendimento político e econômico com a União Europeia, inúmeros países do velho continente, através do Mercado Comum Europeu.

O tempo vai passando e lá se vão duas décadas, com algum sucesso e muitos atropelos. As repúblicas do Uruguai e Paraguai, por terem menor expressão econômica, cotidianamente reclamam que o Mercosul tornou-se um privilégio para o comércio bilateral entre o Brasil e a Argentina. A Argentina, por seu turno, reclama da gulosidade imperialista do seu parceiro Brasil, o qual, industrialmente mais poderoso, está a prejudicar seu já precário e ultrapassado, tecnologicamente, parque industrial. Com tal justificativa entrava o livre comércio, estabelecendo rígidas normas alfandegárias contra a entrada de produtos brasileiros. Os resultados são vexaminosos para os interesses da pauta de exportação de nossos produtos. Tal situação, extremamente injusta para quem investiu no Brasil na crença de que o Mercosul seria realmente uma porta aberta para o livre comércio entre as nações irmãs, se expõe a irreparáveis prejuízos e é letal para o sobrevivência do Mercosul.

Tal imposição das autoridades argentinas encontra a passividade das nossas. Ainda agora, o Ministro das Relações Exteriores, o irrequieto Celso Amorim, naturalmente atendendo ordens expressas do chefe Luiz Inácio, ao lado de outros dois ministros Miguel Jorge, da Indústria e Comércio, e Guido Mântega, da Fazenda, foram a Buenos Aires, e mais uma vez se curvaram às exigências argentinas de manter as barreiras alfandegárias existentes. Não deram um pio de protesto ou represália, agasalhados no princípio da reciprocidade, muito menos levantaram, como alerta, os fundamentos superiores do Mercosul. Celso Amorim, rodeando o toco, utilizou-se do surrado e parco argumento diplomático de que o Brasil e a Argentina estão no encontro de “soluções criativas” para os problemas comerciais comuns!! Desculpa vergonhosa e de clara submissão à arrogância platina.

Enquanto o governo argentino fecha a porta de seu comércio de importação para o Brasil, abre de forma escancarada a outra porta para os produtos chineses que lá estão “lavando a égua”!

Se o Brasil, por inépcia do governo do senhor Luiz Inácio, se agacha para a Argentina orgulhosa; se o Uruguai e o Paraguai se sentem marginalizados pelos outros dois parceiros, será que não está chegando a hora de se pensar num delenda Mercosul, pois fora dele o Brasil, pela sua vitalidade econômica e sem peias, poderia ser mais útil à comunidade de países sul-americanos e aos interesses nacionais?

Que o próximo governo federal brasileiro pense na hipótese, ou seja mais duro nas trativas com o governo argentino para que ideia-mater do Mercosul prevaleça.

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